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terça-feira, 18 de agosto de 2015

O que é o COBie no universo BIM?

Como sempre desejei, aqui aparece uma colaboração do meu amigo Luís Martinho. O Blog Loja dos Desenhadores está sempre disponível a novas participações/colaborações.
Obrigado Luís a porta está sempre aberta.

O que é o COBie no universo BIM?

Quem tem estado com atenção no mercado dos softwares CAD, de certeza que já reparou que ultimamente se tem falado muito em BIM (Building Information Modeling). Esta “nova” maneira de pensar, projetar, construir e gerir um edifício (seja ele qual for) tem dado pano para mangas.

Comecei em 2012 a informar-me sobre isto e desde então não tenho parado. O assunto fascina-me.

Para vos enquadrar um pouco na minha experiência, sou desenhador desde 1999, já lá vão 16  anos. Desde essa altura que o CAD tem sido a minha vida e o meu ganha pão. Posso dizer que faço o que gosto, com muito gosto.
A minha experiência é na área de estruturas, essencialmente. Dai ter pensado em tirar um Curso de Autodesk Revit Structures, na Qualicad, com o Arq. Décio Ferreira. Recomendo.

Mas o que é isto do BIM?
O BIM (para mim) é uma metodologia, uma religião quase, uma forma de fazer as coisas. Como? Com vários softwares, que, de forma integrada e interligados entre si e todos os stakeolders, conseguem produzir modelos e reunir a respetiva informação para que possa ser usada em todo o ciclo de vida do edifício (de notar que pode ser um edifício, uma ponte, um viaduto, etc.) desde o guardanapo da ideia produzida num café entre amigos até ao gestor operacional desse edifício e por fim, a sua demolição.

O BIM não é fazer coisas em 3D. Não é fazer renders bonitos que depois ninguém usa. Eu diria que o mais importante no BIM, é o “I”, information, informação.
A quantidade de informação que podemos “dar” a um modelo e o que podemos fornecer aos nossos clientes é imensamente útil. Integrada, reunida num único local. Facilmente atualizável.

Quem se quiser informar mais sobre BIM, pode ficar um pouco perdido pelos websites, umas vez que a informação que corre mundo é já bastante vasta, contudo aconselho a começarem devagar e por partes. Procurem o termo e tentem, antes de começarem a “mexer” num software BIM, perceber o termo e como ele funciona no mundo dos AEC.

E o texto que se segue, vem no seguimento da minha demanda por informação sobre este assunto. Durante a minha presença na BIC2014 (BIM International Conference 2014) em Lisboa, conheci o Sr. Bill East. Ele foi o fundador do COBie (Construction-Operations Building Information Exchange). Este é o seu site: http://www.prairieskyconsulting.com

O COBie, resumidamente, é uma forma de reunir a informação de todo o modelo BIM em folhas de cálculo, Worksheets, para uso do Gestor operacional do edifício em questão. Parece pouco, dito desta forma, mas se estivessem no lugar desse coitado que depois tem de navegar num mar de informação dispersa e perder dias a tentar separar o útil do lixo, perceberiam depressa que as coisas mais simples, são muitas das vezes o melhor para nós, e como o Sr. Bill East diz muitas vezes o COBie é muito “ straight forward”.

E no seguimento das conversas e trocas de e-mail posteriores que tive com o Bill, tornei-me no tradutor “oficial” COBie para Português de Portugal.

Podem ver todos os seus vídeos aqui: VÍDEOS

E agora o primeiro dos vídeos (em texto) que traduzi para vós.
(De notar que tive de adaptar algum texto para fazer sentido sem ter de ver o vídeo.)
Muito Obrigado.
Luis Martinho


WHY COBie?

Frequentemente, a pergunta mais importante que devemos colocar ao olhar para um novo desafio é, "Porquê?"
Neste video responderemos à questão "Porquê o COBie?"

Não importa onde está, tornar-se dono de um novo edifício é bastante emocionamente.
Mas para as pessoas que têm de manter e gerir esse edifício esta é muitas vezes uma experiência árdua, morosa e difícil.
Isto porque não conseguem usar, ou encontrar a informação que precisam para gerir esse edifício.
Portanto, o gestor operacional do edifício tira os manuais das caixas e coloca-os na prateleira.
O problema é que estas caixas não estão acessíveis a ninguém no terreno. E a informação necessária é retirada dos livros e provavelmente nunca mais é devolvida.

Claro que todos nós, ao ler isto, já no demos conta que isso é um problema.

Desde os anos 80, quando todos usavam MSDOS, e uma versão inicial na nuvem que se acedia com um modem de linha telefónica (pré-internet),a indústria de projeto e construção teve a oportunidade para transformar as informações apresentadas em documentos de papel, em gestão da informação de bens e edifícios de forma integrada.

Ainda assim os proprietários não tomaram a iniciativa de decidir que informação seria requerida aquando do projeto, com o objetivo de eliminar o custo destes documentos bastante dispendiosos.

O custo de produção destes manuais O&M é apenas o início dos custos associados à falta de informação disponível.
O primeiro custo encontrado pela maioria dos gestores é a necessidade de transcrever a informação do papel para os sistemas informáticos. Claro que, cada uma das pessoas que precisa da informação têm de manter o seu próprio conjunto de registos porque não existe um repositório central.

Olhemos para as diferenças nos dados dum edifício existente.

Um gabinete de gestão integrada de edifícios tem duas bases de dados separadas.
Uma mantida pelo Departamento de manutenção e a outra pelo Departamento de Gestão de Bens.

Se compararmos, lado a lado o número de divisões em cada categoria; o sistema de manutenção versus o sistema de gestão de bens e pegarmos nas primeiras categorias de divisões do departamento de manutenção, conseguimos ver que elas não são as mesmas categorias da base de dados da gestão de espaços. De seguida, podemos olhar para as entradas dos espaços de cada categoria e verificarmos que estes não correspondem.

Podemos ir mais longe e comparar todos os itens no departamento de manutenção, com todos os itens na gestão de espaços e vermos que são entradas bastante diferentes.
Existem até categorias do departamento de manutenção em categorias da base de dados do gabinete de gestão de espaços que nem correspondem.

(fazendo alusão ao slide apresentado, segue-se)

Olhemos para uma divisão específica, o segundo piso neste hospital, apenas para repararmos qual o resultado prático referente a tais diferenças de informação.
Aqui está um exemplo de uma classificação errada numa pequena divisão deste edifício. É por trás do posto de enfermagem,
no meio desta ala. De acordo com a base de dados da gestão integrada de edifícios, usada para providenciar as chaves do edifício, esta divisão está classificada como sala de Limpeza. Na base de dados da gestão dos espaços, esta sala é referenciada como espaço de preparação médica.

Portanto, penso que a verdadeira questão é: Quem tem as chaves do seu conteúdo?

Claro que este é apenas um dos muitos exemplos do porquê dos gestores necessitarem de informação correta e consistente acerca do
controlo operacional dos seus edifícios, que podia ter sido fornecida pelos projetistas e construtores.
Assim, a resposta típica à questão "Como é que resolvemos este problema?

É apenas esperar pelas empresas de software para nos ajudar a descobrir como!

Para tal, as pessoas compram um grande número de softwares dispendiosos e recebem muita formação de forma a perceber como se usa esse software. Apenas para ter o equivalente eletrónico do papel arquivado em prateleiras.

(fazendo alusão ao slide apresentado, segue-se)

Portanto, aqui está o arquivo de todos os edifícios deste gabinete de gestão integrada e ali, no canto superior esquerdo está uma
caixa de sapatos num cubículo de alguém, já reformado, e assim, ninguém sabe onde realmente está a informação.

Em vez de dependerem da tecnologia, simplesmente reuniram-se todos os interessados e apuraram a informação necessária para controlar as nossas instalações. E desenvolveram o COBie.

COBie é o intercâmbio de informação da Construção e Controlo Operacional de edifícios. (tradução literal das iniciais)
Podem encarar o COBie como uma norma para todos os espaços e equipamentos num edifício.
COBie é um formato de troca de informação.

Há uma norma para os bens e equipamentos, bem como, a forma como essa informação deve ser trocada.
Proprietários específicos podem ter requisitos específicos.
Tudo isto pode ser incluído nas especificações de Contratos de Conceção-Construção.
Portanto, a razão por trás do COBie é bastante simples.

Reduzir ou eliminar os custos da documentação entregue na construção e melhorar a qualidade dessa informação para que possa ser efetivamente usada pelo gestor operacionais das instalações.

Espero que estes videos lhe proporcionem uma visão acerca de como o COBie pode ser uma ajuda para os seus projetos.

 Obrigado pelo vosso tempo hoje!
Bill East.



Tradução: Luis Martinho

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