Como sempre desejei, aqui aparece uma colaboração do meu amigo Luís Martinho. O Blog Loja dos Desenhadores está sempre disponível a novas participações/colaborações.
Obrigado Luís a porta está sempre aberta.
O que é o COBie no universo BIM?
Quem tem estado com
atenção no mercado dos softwares CAD, de certeza que já reparou que ultimamente
se tem falado muito em BIM (Building Information Modeling). Esta “nova” maneira
de pensar, projetar, construir e gerir um edifício (seja ele qual for) tem dado
pano para mangas.
Comecei em 2012 a
informar-me sobre isto e desde então não tenho parado. O assunto fascina-me.
Para vos enquadrar
um pouco na minha experiência, sou desenhador desde 1999, já lá vão 16 anos. Desde essa altura que o CAD tem sido a
minha vida e o meu ganha pão. Posso dizer que faço o que gosto, com muito
gosto.
A minha experiência
é na área de estruturas, essencialmente. Dai ter pensado em tirar um Curso de
Autodesk Revit Structures, na Qualicad, com o Arq. Décio Ferreira. Recomendo.
Mas o que é isto do
BIM?
O BIM (para mim) é
uma metodologia, uma religião quase, uma forma de fazer as coisas. Como? Com
vários softwares, que, de forma integrada e interligados entre si e todos os
stakeolders, conseguem produzir modelos e reunir a respetiva informação para
que possa ser usada em todo o ciclo de vida do edifício (de notar que pode ser
um edifício, uma ponte, um viaduto, etc.) desde o guardanapo da ideia produzida
num café entre amigos até ao gestor operacional desse edifício e por fim, a sua
demolição.
O BIM não é fazer
coisas em 3D. Não é fazer renders bonitos que depois ninguém usa. Eu diria que
o mais importante no BIM, é o “I”, information, informação.
A quantidade de
informação que podemos “dar” a um modelo e o que podemos fornecer aos nossos
clientes é imensamente útil. Integrada, reunida num único local. Facilmente
atualizável.
Quem se quiser
informar mais sobre BIM, pode ficar um pouco perdido pelos websites, umas vez
que a informação que corre mundo é já bastante vasta, contudo aconselho a
começarem devagar e por partes. Procurem o termo e tentem, antes de começarem a
“mexer” num software BIM, perceber o termo e como ele funciona no mundo dos
AEC.
E o texto que se
segue, vem no seguimento da minha demanda por informação sobre este assunto.
Durante a minha presença na BIC2014 (BIM International Conference 2014) em
Lisboa, conheci o Sr. Bill East. Ele foi o fundador do COBie (Construction-Operations
Building Information Exchange). Este é o seu site: http://www.prairieskyconsulting.com
O COBie,
resumidamente, é uma forma de reunir a informação de todo o modelo BIM em
folhas de cálculo, Worksheets, para uso do Gestor operacional do edifício em
questão. Parece pouco, dito desta forma, mas se estivessem no lugar desse
coitado que depois tem de navegar num mar de informação dispersa e perder dias
a tentar separar o útil do lixo, perceberiam depressa que as coisas mais
simples, são muitas das vezes o melhor para nós, e como o Sr. Bill East diz
muitas vezes o COBie é muito “ straight forward”.
E no seguimento das
conversas e trocas de e-mail posteriores que tive com o Bill, tornei-me no
tradutor “oficial” COBie para Português de Portugal.
Podem ver todos os
seus vídeos aqui: VÍDEOS
E agora o primeiro
dos vídeos (em texto) que traduzi para vós.
(De notar que tive
de adaptar algum texto para fazer sentido sem ter de ver o vídeo.)
Muito Obrigado.
Luis Martinho
WHY
COBie?
Frequentemente,
a pergunta mais importante que devemos colocar ao olhar para um novo desafio é,
"Porquê?"
Neste
video responderemos à questão "Porquê o COBie?"
Não importa
onde está, tornar-se dono de um novo edifício é bastante emocionamente.
Mas
para as pessoas que têm de manter e gerir esse edifício esta é muitas vezes uma
experiência árdua, morosa e difícil.
Isto
porque não conseguem usar, ou encontrar a informação que precisam para gerir
esse edifício.
Portanto,
o gestor operacional do edifício tira os manuais das caixas e coloca-os na
prateleira.
O
problema é que estas caixas não estão acessíveis a ninguém no terreno. E a
informação necessária é retirada dos livros e provavelmente nunca mais é
devolvida.
Claro
que todos nós, ao ler isto, já no demos conta que isso é um problema.
Desde
os anos 80, quando todos usavam MSDOS, e uma versão inicial na nuvem que se
acedia com um modem de linha telefónica (pré-internet),a indústria de projeto e
construção teve a oportunidade para transformar as informações apresentadas em
documentos de papel, em gestão da informação de bens e edifícios de forma
integrada.
Ainda
assim os proprietários não tomaram a iniciativa de decidir que informação seria
requerida aquando do projeto, com o objetivo de eliminar o custo destes
documentos bastante dispendiosos.
O
custo de produção destes manuais O&M é apenas o início dos custos
associados à falta de informação disponível.
O
primeiro custo encontrado pela maioria dos gestores é a necessidade de
transcrever a informação do papel para os sistemas informáticos. Claro que,
cada uma das pessoas que precisa da informação têm de manter o seu próprio
conjunto de registos porque não existe um repositório central.
Olhemos
para as diferenças nos dados dum edifício existente.
Um
gabinete de gestão integrada de edifícios tem duas bases de dados separadas.
Uma
mantida pelo Departamento de manutenção e a outra pelo Departamento de Gestão
de Bens.
Se
compararmos, lado a lado o número de divisões em cada categoria; o sistema de
manutenção versus o sistema de gestão de bens e pegarmos nas primeiras
categorias de divisões do departamento de manutenção, conseguimos ver que elas
não são as mesmas categorias da base de dados da gestão de espaços. De seguida,
podemos olhar para as entradas dos espaços de cada categoria e verificarmos que
estes não correspondem.
Podemos
ir mais longe e comparar todos os itens no departamento de manutenção, com
todos os itens na gestão de espaços e vermos que são entradas bastante
diferentes.
Existem
até categorias do departamento de manutenção em categorias da base de dados do
gabinete de gestão de espaços que nem correspondem.
(fazendo
alusão ao slide apresentado, segue-se)
Olhemos
para uma divisão específica, o segundo piso neste hospital, apenas para
repararmos qual o resultado prático referente a tais diferenças de informação.
Aqui
está um exemplo de uma classificação errada numa pequena divisão deste
edifício. É por trás do posto de enfermagem,
no
meio desta ala. De acordo com a base de dados da gestão integrada de edifícios,
usada para providenciar as chaves do edifício, esta divisão está classificada
como sala de Limpeza. Na base de dados da gestão dos espaços, esta sala é
referenciada como espaço de preparação médica.
Portanto,
penso que a verdadeira questão é: Quem tem as chaves do seu conteúdo?
Claro
que este é apenas um dos muitos exemplos do porquê dos gestores necessitarem de
informação correta e consistente acerca do
controlo
operacional dos seus edifícios, que podia ter sido fornecida pelos projetistas
e construtores.
Assim,
a resposta típica à questão "Como é que resolvemos este problema?
É
apenas esperar pelas empresas de software para nos ajudar a descobrir como!
Para
tal, as pessoas compram um grande número de softwares dispendiosos e recebem
muita formação de forma a perceber como se usa esse software. Apenas para ter o
equivalente eletrónico do papel arquivado em prateleiras.
(fazendo
alusão ao slide apresentado, segue-se)
Portanto,
aqui está o arquivo de todos os edifícios deste gabinete de gestão integrada e
ali, no canto superior esquerdo está uma
caixa
de sapatos num cubículo de alguém, já reformado, e assim, ninguém sabe onde
realmente está a informação.
Em
vez de dependerem da tecnologia, simplesmente reuniram-se todos os interessados
e apuraram a informação necessária para controlar as nossas instalações. E
desenvolveram o COBie.
COBie
é o intercâmbio de informação da Construção e Controlo Operacional de
edifícios. (tradução literal das iniciais)
Podem
encarar o COBie como uma norma para todos os espaços e equipamentos num
edifício.
COBie
é um formato de troca de informação.
Há
uma norma para os bens e equipamentos, bem como, a forma como essa informação
deve ser trocada.
Proprietários
específicos podem ter requisitos específicos.
Tudo
isto pode ser incluído nas especificações de Contratos de Conceção-Construção.
Portanto,
a razão por trás do COBie é bastante simples.
Reduzir
ou eliminar os custos da documentação entregue na construção e melhorar a
qualidade dessa informação para que possa ser efetivamente usada pelo gestor
operacionais das instalações.
Espero
que estes videos lhe proporcionem uma visão acerca de como o COBie pode ser uma
ajuda para os seus projetos.
Obrigado
pelo vosso tempo hoje!
Bill
East.
Tradução:
Luis Martinho
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